Não julgar, reconhecer. Não defender, investigar.

Sexta-feira tive uma reunião com um grupo de docentes de uma universidade federal e um dos temas abordados foi a qualidade do ensino que tivemos no passado, que temos no presente, e que teremos no futuro. Dentre o muito que foi conversado, o que mais me chamou a atenção foi a frustração, a decepção e até a tristeza que alguns carregavam da época de estudantes. Tristeza e frustração geram respostas e algumas das afirmações feitas iam desde a tentativa de enquadrar seus professores em categorias não muito positivas até à desqualificação de um passado que ali nos tinha colocado juntos (quase como que se alguns tivessem aprendido menos porque tinham tido professores menores...).

Meu ponto de vista foi um pouco diferente do destes. Como estudante, gostava muito de estudar, aprender, ir além, e isto facilitava a minha vida (como é bom não ter fronteiras e saber responder às perguntas dos testes que vinham), a dos amigos (meus cadernos de anotações eram bem conhecidos nas copiadoras da universidade) e a dos professores (que gostam, sim, de ver o ensino que provêem se tornar o ponto de avanço dos alunos). Então, sim, tive professores excelentes e outros nem tanto, e sim, fui mais inspirada pela excelência dos excelentes. Mas mais importante do que o professor ou eu própria era o que nascia a partir do que eu via e ouvia do professor - seja na excelência como exemplo ou na deficiência como alerta. Hoje não tenho dúvida que o espaço que se cria entre as pessoas - entre mim e você, entre os nossos "professores" e nós, ou entre nós e os nossos "alunos" - é o que é realmente importante.
  • O que se cria desta interação? 
  • Qual é o propósito desta relação? 
  • Qual é o campo de fertilidade para esta produção conjunta?
Quando ensino, meu propósito é ensinar, compartilhar o que tenho a compartilhar. Quando aprendo, meu propósito é aprender, reconhecer no que me é apresentado o que posso usar como insumo para a minha produção. Não julgo, reconheço. Não defendo, investigo.

Interações férteis não incluem individualismos egóicos, culpas e reações prematuras. Se um depende de um professor, chefe, sócio ou o que for para crescer e fica no aguardo da excelência deste outro, há uma chance de 50% de ser bem sucedido e de 50% de ser mal sucedido. Baste-se por um lado, expanda-se por outro...

Como diz Yoda, "Não tente. Faça. Ou não faça. Não existe só tentar."

O "fazer" é mais importante do que o "quem fez". O aprendizado é mais importante do que o professor ou o aluno. A solução do problema do cliente é mais importante do que o vendedor ou o comprador de software...

Faça. Ou não faça. Reconhecendo e investigando...