Namastê, irmão! (vivendo algumas semanas na India)

Geração, operação, destruição.. Início, meio, fim.. Vida é constante, contínuo movimento. Os ciclos se sucedem. Mas não se repetem. Cada início, cada meio e cada fim é diferente. Cada geração, manutenção e destruição é particular em como e quando acontece e traz ensinamentos próprios, vitais para os próximos ciclos.

Esta clareza, no entanto, fica embotada nos olhos fixos da rotina pessoal, de trabalho. Até que chega a hora em que é preciso parar para investigar 3 perguntas fundamentais:
- o que somos?
- que papel temos?
- que legado deixaremos?

Por isso, e para isso, fui à India logo após a virada do ano. Agora, de volta ao Brasil, trago a visão mais integral e profunda do que somos e do papel e legado que nos cabe como parte de um todo que todos nós formamos.

A Índia que eu ví foi a India integral, onde a cultura, trabalho e espírito são um só e onde "simplesmente devote-se a Deus" poderia ser a legenda e o resumo de vida do seu povo. A fé não é minha, nem sua, a fé está ao lado e dentro de cada um.. E em todo lugar..

A Índia que eu ví foi a India única, onde o que já conhecemos assume múltiplas dimensões e formatos. Em Auroville é possível sentar embaixo da "The Banyan Tree", cujos galhos crescem em direção ao céu, mas também em direção ao solo - e, esses, se tornam novos troncos sustentadores da árvore. Sentada ali, refletindo ali, é impossível não pensar sobre quantos de nós vivemos assim.. Quantos de nós compartilhamos nossas vidas assim? Quantos de nós permitimos que os outros também sejam troncos das nossas empresas, projetos, vidas? Quantos de nós entendemos que o papel do tronco e dos galhos pode ser um só (troncos!) para que o nosso legado, conjunto, seja cada vez maior, resistente e consistente?

The Banyan Tree em Auroville, Tamil Nadu, India
A Índia que eu ví foi a India dos lugares sagrados, dos sábios e dos renunciantes. Escalar uma montanha sagrada como Arunachala, tirar os sapatos no final da escalada para chegar ao topo com profundo respeito, olhar Tiruvannamalai - e o mundo, e a vida, e a minha vida.. - lá de cima (e, na volta, meditar na mesma caverna da montanha que Ramana Ramarshi meditou), multiplica as visões e aumenta a responsabilidade do que somos, do papel que temos e do legado que deixaremos.

Aísa no topo da montanha sagrada de Arunachula, Tiruvannamalai, Tamil Nadu, India
Com os ensinamentos de Marco Schultz, ficou claro que o movimento é mais importante do que os momentos. Que mais importante do que as pessoas é o espaço que deixamos circular entre nós, num todo integrado. Que o dever, sim, sempre deve preceder o direito. E que a entrega ao Universo sublima os personagens egóicos e superficiais que tendemos a ser...

Que assim seja. Amém...

PS: Na India também pensei muito sobre o valor do que fazemos, Vendas. Seria esta uma atividade superficial? Concluí que não.. Ao vender, estamos oferecendo algo que outros precisam. Se é assim, neste momento e por esta necessidade, a venda se torna uma necessidade básica e integral para quem suprimos. Cumprimos nosso papel...